Quando estava no ensino médio, a professora de geografia nos pediu como trabalho de final de ano que fizéssemos nossa árvore genealógica. Acho que não era obrigatório, era apenas um trabalho para conseguir um ponto extra. Lembro que levei bem a sério essa tarefa, fiz anotações, sabatinei meus avós, queria que minha árvore tivesse tantos galhos quanto fosse possível.
Tenho um flerte com o passado. Acredito que todos nós, uma vez na vida que seja, já tivemos essa necessidade de saber de onde viemos. Não de um jeito saudosista, de quem acha que nasceu na época errada. Mas entendendo o passado como minha origem, tenho meios de refletir sobre o meu presente. E refletindo, me sinto pertencente a um grupo, lúcida para escolher qual caminho pretendo seguir, senhora do meu futuro.
Talvez essa reflexão sobre de onde viemos e o sentimento de pertença expliquem minha alegria em conhecer o Museu da Imigração em São Paulo. Localizado na região central da cidade, o museu foi uma casa de acolhimento aos imigrantes que chegavam ao porto de Santos em busca de uma oportunidade de vida melhor no novo mundo.
Entrada
Pátio, durante a festa do imigrante
A casa é uma construção gigantesca! É possível passear por seus corredores e pátios, refeitório e jardins onde os antepassados de milhares e milhares de pessoas (talvez os meus e seus, inclusive) passaram, dormiram, se alimentaram e sonharam. Pessoas que ajudaram a construir nossa cultura, partilhando a deles com os que aqui já viviam.
A Festa do Imigrante, realizada anualmente pelo museu, celebra essa miscelânea de gente que somos hoje. E quer jeito mais gostoso de conhecer um país do que saboreando sua culinária? Durante a festa era possível comer um doce na Hungria e dar um pulo à Noruega para provar um salmão defumado. No mesmo prato de doces, Síria, Iraque e Portugal deram-se as mãos para alegrar nosso paladar. O refeitório (anteriormente usado pelos estrangeiros recém-chegados) foi tomado por descendentes de nacionalidades diferentes, compartilhando o pão e a mesa. E você se dá conta de como são estúpidas todas as guerras.
Refeitório
Doce da Croácia
Cardápio do Egito
Delícias do mundo
Síria, Iraque e Portugal
Apresentação folclórica
Para quem não pôde participar da festa, uma exposição de longa duração conta de forma interativa desde a partida dos imigrantes de seus países de origem, até a chegada à casa de acolhimento. A exposição possui objetos, cartas e uma infinidade de referências que nos transportam, mesmo que por um instante, a uma época que não é a nossa, mas que nos pertence.
Parte da exposição
Parte da exposição
Parte da exposição
Parte da exposição
“Tijolo” em vários idiomas
Tudo começou com um trabalho de escola sobre árvore genealógica, feita de papel e canetinha. A curiosidade me fez perceber de quantas histórias a minha própria história é feita. Visitar o Museu da Imigração é um passaporte para compreendermos em profundidade a história de milhares de pessoas que sonharam com um mundo novo, repleto de oportunidades. E não é exatamente disso – sonhos e perspectivas – que nos movem em busca do nosso mundo novo particular?
Painel dos imigrantes
A bondade desarma
Para mais informações sobre horários de visita e programação, visite o site:http://museudaimigracao.org.br/
Obs: além das barracas de comidas típicas, a Festa do Imigrante também conta com atividades interativas como oficina de dança, apresentações culturais além da feira de artesanato.